Cerca de 700 km separam as cidades sedes da Arquidiocese de Mariana e da Diocese de Januária. Apesar da distância, as Igrejas Particulares têm laços históricos de proximidade, que na manhã do último sábado, 27 de janeiro, se tornaram ainda mais fortes com a ordenação episcopal de Dom Geraldo de Souza Rodrigues.
Diferente do que é imaginado, a relação entre as duas Igrejas Particulares é anterior à acolhida do Seminário São José dos seminaristas de Januária. Na verdade, tem início nos primórdios da criação da Diocese. Instalada canonicamente em 25 de outubro de 1958, o seu primeiro bispo foi Dom Daniel Tavares Baeta Neves, natural de Conselheiro Lafaiete (MG) e Bispo Auxiliar de Mariana de 1947 a 1958.
Passados 65 anos, mais uma vez, um sacerdote do clero marianense subirá à cátedra da Diocese de Januária para pastorear os fiéis do Norte de Minas. No próximo sábado, 3 de fevereiro, Dom Geraldo de Souza Rodrigues tomará posse da cátedra de Januária como o quinto bispo diocesano dessa Igreja Particular, sendo o segundo de origem marianense.
“Para mim, pessoalmente, é uma notícia muito feliz porque eu tenho um amor, uma admiração muito grande, um sentimento de gratidão muito grande pela Arquidiocese de Mariana. Primeiro pelos nossos estudos […]. Fomos acolhidos como filhos, fomos tratados como filhos, nunca houve nenhum tipo de diferença no tratamento, pelo contrário, nós nos sentimos irmãos ali naquela Casa, e também porque eu tenho um grande apreço pelo clero, pelas amizades que fiz durante todo o tempo que estive, seja na pastoral, seja a convivência do Seminário. Eu costumo dizer que foram anos muito felizes da minha vocação e sempre lembro como muita saudade”, comentou Padre Willian Coutinho, do clero de Januária e que fez sua formação em Teologia no Seminário São José.
Essa parceria para os estudos dos seminaristas remonta à década de 1970. Em 2024, cinco jovens de Januária serão acolhidos no Seminário de Mariana para realizarem sua formação, sendo quatro para a Etapa da Configuração (Teologia) e um para a Etapa do Discipulado (Filosofia).
“Então, ter hoje um padre que sai do clero de Mariana, para mim, e acredito que para todo o clero de Januária, é uma satisfação muito grande. Será também uma forma de nós demonstrarmos a nossa gratidão, já que agora nós vamos ter que acolher. Nós que fomos tão bem acolhidos, agora teremos que acolher esse filho de Mariana. Para nós, é uma honra, uma satisfação, e que Dom Geraldo possa se sentir de fato em casa porque nós também nos sentimos em casa aqui, em Mariana”, enfatizou Padre Willian.
Em mensagem ao final da ordenação, o Administrador Diocesano de Januária, Padre Natelson Alkmim Coutinho, também recordou essa ligação, especialmente, na formação dos futuros presbíteros, definindo-a como edificante. “Todas às vezes que nós entramos em contato com alguém de Mariana, de Ouro Preto, da Arquidiocese de Mariana, perguntando acerca do nosso novo bispo, foram unânimes: vocês vão receber um bispo que tem um bom coração. Vocês vão receber um bispo muito bom, um bispo generoso, um bispo acolhedor, um bispo humilde”, contou.
“É claro que o senhor já tem essas características, essas virtudes pelo testemunho das pessoas, pelo testemunho do povo de Deus, o qual o senhor serviu a vida toda. Mas agora, amados irmãos e irmãs, nós temos a certeza de que todas essas virtudes são plenificadas com o terceiro grau do sacramento da ordem e essas virtudes edificarão o nosso povo”, completou Padre Natelson.
Como demonstração de proximidade, 15 sacerdotes do clero de Januária, um diácono e dezenas de leigos estiveram presentes na ordenação. Para Dom Geraldo, esse sacrifício, devido à distância, foi um gesto de comunhão. “Isso é muito significativo, não apenas para essas duas dioceses, mas para a Igreja. A presença de vocês aqui se transforma num grande testemunho de amor à Igreja”, reforçou.
A expectativa para a chegada
Com a proximidade da posse canônica de Dom Geraldo, a Diocese de Januária está se preparando para este momento. “É uma espera que a gente chorou, pedimos a Deus um novo pastor e Ele acolheu as nossas orações”, definiu o agente da Pastoral da Comunicação Diocesana, Diogo Soares Rodrigues.
Uma expectativa que é anterior à nomeação de Dom Geraldo, visto que a Sé de Januária está vacante desde dezembro de 2022. “Foi uma longa espera para nós porque carecemos tanto lá no Norte de Minas do pastor”, disse Padre Natelson, comparando-a ao tempo de uma gestação. “Deus o preparou, Deus o escolheu, nós o esperamos esse dia com muita alegria, com muito amor no coração, com muita expectativa, mas saiba, Dom Geraldo, que é sem exigências”, completou.
“Desejo de que nós tenhamos, de fato, alguém que nos ouça enquanto pai, nos direcione, e também nos corrija, como um pai deve fazer. Então, sinta-se à vontade, acolhido ali, para direcionar bem o nosso povo […] que está aguardando a sua chegada na feliz esperança de que um novo tempo se iniciará em nossa Diocese”, destacou Padre Natelson.
Para Padre Willian, o sentimento na Diocese de Januária neste momento é de grande entusiasmo. “Todos estão muito entusiasmados com essa chegada que é de alguém que chega a dar muita esperança no coração das pessoas ali. O Dom Geraldo já conseguiu realizar isso: colocar esperança no coração do nosso povo, não só dos padres, mas do nosso povo”, afirmou.
Fonte: www.arqmariana.com.br
Foto: Diogo Mota / PasCom Diocese de Januária